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terça-feira, 17 de março de 2009

Por Trás do Pano



A Turma de Segunda, que já havia nos dado os marcantes espetáculos A Casa e Viagem a Lorca, está de volta à cena com Por Trás do Pano. Desta vez mais comedido e convencional – pois que não é preciso andar pelos cômodos de uma casa estranha nem “viajar” até uma hospedaria à beira da cidade para assistir. Tudo se passa ali mesmo, em cima do palco do Espaço Camarim, onde o grupo veio à luz e talvez por isto frustre, em parte, algumas expectativas: a Turma de Segunda acostumou-nos justamente às suas ambientações extraordinárias, climáticas e extrassensoriais até. Agora, com esta estreia em esquema italiano (palco e plateia), a sensação é de que algo ficou faltando (seria o vento, a chuva, as formigas ou os cupins?).

Mas uma plateia nem tão “normal” assim, é justo acrescentar. O local destinado ao público foi transformado em bar e é possível bebericar e beliscar alguma coisa antes (e depois) do espetáculo. Convém, no entanto, chegar cedo (uma hora antes, que é quando abre) para conseguir uma mesa e um bom lugar. Na estreia, domingo, a casa lotou. A trilha sonora – um dos pontos altos do espetáculo – você acompanha ao vivo, ao seu lado, na plateia, tocada pela afinadíssima dupla Jairo Padilha, nos teclados, e Perci Gomes, na percussão e vocal. São músicas de época que fazem uma ambientação que beira o sublime. Destaque, também, para o narrador, Wilson Pessoa da Silveira.

Pessoa é quem nos conduz pelas cinco esquetes costuradas com as intrincadas relações amorosas criadas pelo gênio irônico e maldito do dramaturgo brasileiro Nelson Rodrigues. Todas inspiradas em A Vida Como Ela É.... Tem a do cara que é obrigado a jantar duas vezes por noite, com a esposa e a amante, em Mártir em Casa e na Rua; a da mulher fissurada pelos cravos do marido, em A Divina Comédia; a da que só era boazinha se pudesse manter os encontros “furtivos” com o amante, em Casal de Três; a do amante que tomou um susto quando soube que o “titular” era pediatra em O Pediatra; e a da esposa que, de forma alguma, duvidaria da infidelidade do marido, em Marido Fiel.

O “pano” do título, de fundo, está fisicamente representado por grandes panos brancos, do teto ao chão que, em contraposição com a luz, nos dão aquele famoso jogo de sombras, o recurso cênico mais (o)usado nesta encenação. A direção é coletiva, com orientação de Simone Bencke, e no elenco estão Betina Zucatti, Jardel Franco Oliveira, Luiz Carlos da Rosa, Everton de Castro, Cristiana Meininger, Inês Salvi e Ângela Pessoa da Silveira. Esta última canta – com muita propriedade – em dois momentos da peça: um vozeirão de respeito, a se pensar em algum espetáculo musical, solo. Por Trás do Pano tem sessão ainda hoje e amanhã, às 20h30, com ingressos antecipados ao preço de R$ 10,00, na Livraria e Cafeteria Iluminura. Na hora e local, saem por 15.




Fonte: Gazeta do Sul

Eu sou minha própria mulher - Fotos

Embora travesti, foi mais macho do que muito homem!